Sustentabilidade
Em um ambiente econômico e fiscal favorável a iniciativas de sustentabilidade, o Rio Grande do Sul está alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas de 2016. Nesse sentido, o Estado incentiva a construção de infraestruturas resilientes e a industrialização inclusiva e sustentável com objetivo de promover a inovação dos processos produtivos e a eficiência energética.
O RS congrega três dos 19 municípios brasileiros vinculados ao World Resources Institute (WRI Brasil) – Cidades Sustentáveis, que auxilia os governos na implementação de projetos e políticas públicas nas áreas de mobilidade, desenvolvimento urbano, governança, segurança viária, clima e resiliência (WRI, 2017). No âmbito da organização, são desenvolvidos projetos para Pelotas, com foco em planos de mobilidade urbana sustentável; Porto Alegre, voltados a resiliência e redução dos danos causados pelas mudanças climáticas; e Rio Grande, por meio de alinhamento estratégico para desenvolvimento urbano sustentável.
O Estado coleciona excelentes índices no destino adequado dos resíduos, além de volume significativo de processos de reciclagem, sobretudo nos setores de plásticos, vidros, papéis e alumínio. É o que mostram pesquisas da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) e do Compromisso Empresarial para Reciclagem. No cenário nacional, o Rio Grande do Sul destaca-se historicamente como um Estado que desenvolve ações favoráveis à reciclagem. Exemplos disso são a criação de legislações específicas, a promoção da coleta seletiva e a conscientização da população e dos empresários. Outra característica local do segmento é a elevada transversalidade do setor nas ações entre os órgãos do governo e a sociedade civil organizada. Tudo isso implica uma visão de que a continuidade do crescimento industrial gaúcho requer fortalecimento de estratégias que contemplem a sustentabilidade em relação a uma realidade social e econômica também em constante transformação.
Nos últimos anos, a reciclagem vem sendo expandida no Estado. O desenvolvimento do setor como um negócio economicamente viável sustenta-se, principalmente, nas cadeias produtivas de plástico, papel, vidro, metais, borracha, couro e compostagem orgânica. Nesses segmentos, há disponibilidade de tecnologia a empresas, inclusive pequenas, e cooperativas. Mesmo com o alto valor dos investimentos, muitas vezes eles são realizados por motivação econômica e independem de programas governamentais.
A promoção do setor conta, atualmente, com diversas alternativas de reutilização de resíduos que vêm sendo pesquisadas e incentivadas, tendo como finalidade um grande número de cadeias de produtos. Em razão do potencial, destacam-se nesse contexto a construção civil e os eletroeletrônicos. As iniciativas nesse sentido constituem oportunidades de integração entre universidades e empresas, bem como atração de novas empresas para o equacionamento de questões ambientais específicas.
Reflexos da vocação sustentável também podem ser observados no aumento progressivo da instalação de fontes de energia renováveis, que respondem no Estado por 76,1% da capacidade instalada para geração de energia elétrica. Destaca-se a energia eólica, com capacidade de geração de 1,8 GW distribuída em 80 parques. Atualmente o Rio Grande do Sul responde por 16% da produção nacional de energia eólica e consiste no 4º maior Estado produtor do Brasil, destacando-se ainda pelo maior complexo de energia eólica da América Latina, o de Campos Neutrais.
Ainda no campo das energias sustentáveis, o Rio Grande do Sul congrega grande capacidade de implementação de projetos de energia solar, gás natural e biomassa. Graças à posição geográfica do Estado e à presença de centros de pesquisa em energia solar, em 2017, o Rio Grande do Sul posiciona-se como o 2º Estado com maior número de instalação de painéis solares e em distribuição de energia resultante dessa fonte no Brasil.
As características geofísicas e a posição de destaque no setor de agroindústria contribuem para que o Rio Grande do Sul tenha alto potencial para a produção de biogás e biometano a partir das biomassas. O Atlas da Biomassa, estudo promovido pela Secretaria de Minas e Energia do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, é uma ótima ferramenta de identificação de oportunidades no setor. Considerando todas as biomassas avaliadas (biomassa residual do abate de bovinos, de suínos, de aves e de laticínios, lodos e resíduo vegetal de vinícolas, aterros sanitários e lodos de estações de tratamento de esgoto), estima-se que o montante disponível no Rio Grande do Sul seja em torno de 85,7 milhões de toneladas ao ano.
Utilizando-se este montante, calcula-se que o potencial de geração de biogás seja em torno de 9 milhões de m³/dia. Nesse caso específico, estima-se que o potencial de geração de biogás dos dejetos de bovinos representa aproximadamente 52% do total de biogás disponível, seguido por biogás gerado por dejetos de aves (15%), de ovinos (9,6%), de suínos (6,15%) e de equinos (3,5%). O potencial de biogás gerado em aterros sanitários corresponde a 5,18%, enquanto o biogás de ETE representa 0,51%, e o biogás proveniente de vinícolas, em torno de 0,70%. Considerando o potencial do biogás, estima-se que a geração de biometano possa ser de aproximadamente 5,4 milhões de m³/dia, com destaque para a produção nas regiões Oeste e Sul, com geração média de 744 mil m³/dia)1.
O setor da construção civil no Rio Grande do Sul também vem desenvolvendo ações voltadas para a sustentabilidade. Nesse sentido, destacam-se os programas municipais para a gestão de resíduos gerados durante a execução de obras de grandes geradores e o progressivo aumento dos empreendimentos verdes.
Um dos projetos que merece destaque é o Quartier, em Pelotas, conceito de bairro sustentável no qual congregam-se 3 mil unidades habitacionais, empreendimentos comerciais, hotel e palco coberto de grama para espetáculos ao ar livre em um raio de 400 metros. O bairro, com previsão de entrega para meados de 2018, será o primeiro do sul do Brasil certificado pela organização US Green Building Council (GBC) por meio do selo LEED for Neighborhood Development (LEED-ND), que atesta a sustentabilidade do bairro de acordo com normas específicas para energia, água, temperatura, construção civil, descarte de lixo, área verde e transporte (Sinduscon-RS, 2017).
O Estado dispõe de fortes entidades que atuam na articulação de políticas de desenvolvimento sustentável, com destaque para Secretaria Estadual do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema), e os conselhos de Infraestrutura (Coinfra), de Meio Ambiente (Codema) e de Base Florestal e Moveleira (Combase) da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs).
Nesse sentido, destaca-se a nova iniciativa conjunta para instituição do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), um instrumento de auxílio ao planejamento e ordenamento territorial, que buscará reconhecer as peculiaridades, vulnerabilidades e potencialidades de cada região do Rio Grande do Sul. O objetivo é subsidiar decisões sustentáveis – seja no meio físico, biótico, socioeconômico ou jurídico-institucional – pelo desenvolvimento ecológico, econômico e social do Estado. Sendo assim, através do ZEE será possível definir políticas públicas, planos e programas para a articulação, entre regiões econômicas, quanto à melhor utilização de seus recursos naturais.
Fontes: Sinduscon-RS, FDI, SME, ZEE e WRI
Oportunidades do Setor
- Biomassa: potencial para usinas de geração de energia a partir de biomassa, assim como para empresas da cadeia produtiva, em especial máquinas e equipamentos, aproveitando-se do setor metalmecânico já instalado.
- Tratamento de resíduos sólidos: o crescimento das cidades médias no Estado aumentam as necessidades em relação a projetos sustentáveis de tratamento de resíduos sólidos, com crescente incorporação de tecnologia de ponta neste setor.
- Construção civil sustentável: projetos de moradia e industriais sustentáveis são tendência crescente no Estado e abrem grandes oportunidades de negócios.
Oportunidades de parcerias entre empresas
Confira aqui as possibilidades de negócios no setor.