Britânicos querem ampliar parcerias com brasileiros

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09/11/2016  às  15h16min

Ocupando posições destacadas nas áreas de produção de ovinos, cordeiros, gado, leite e aves, o Reino Unido pode vir a repassar tecnologia para auxiliar empresas do Sul do Brasil, principalmente as gaúchas, onde o agronegócio é mais competitivo em nível nacional. Pelo menos essa é a expectativa do governo britânico, que promoveu um roadshow em Porto Alegre ontem, com foco na captação de novos distribuidores neste e em outros segmentos da economia. A ação reuniu dezenas de empresários, interessados em novas oportunidades a partir da abertura de mercado que resultará a saída do Reino Unido da União Europeia.
“Queremos contribuir com tecnologia para agregar valor à produção das empresas brasileiras. Neste sentido, vemos muitas oportunidades comerciais bilaterais na cadeia de insumos agropecuários”, pontua a cônsul-geral britânica e diretora de Comércio e Investimento do Governo Britânico na América Latina, Joanna Crellin. Segundo ela, outra área de possível cooperação é a de segurança alimentar, uma vez que o Reino Unido está buscando soluções para a questão em nível global e o Estado tem histórico de sucesso no setor, com grande parque metalomecânico e indústrias voltadas para a produção de alimentos e bebidas.
“Nos interessa principalmente os mercados de energia, especialmente óleo e gás, saneamento, educação e treinamento, serviços financeiros e equipamentos de segurança”, descreve a cônsul. “Mas claro que há muitas outras empresas britânicas interessadas no País, da área de alimentos e agronegócio.” A oferta de apoio do governo britânico chamou a atenção da empresária Tatiana Conceição Sangalli, coordenadora de marketing do Moinho Sangalli, de Encantado. “Lançamos no mercado uma farinha de trigo enriquecida com erva-mate, e vemos uma grande possibilidade na exportação deste produto, até porque, além de inovador, tem características funcionais nutritivas”, comenta.
Na ótica do sócio-fundador da Silo Verde, Manolo Machado, a interação com representantes do consulado britânico e com demais atores presentes no roadshow foi de “extrema importância para o desenvolvimento das empresas dos dois países”. A empresa de armazenagem de commodities e rações para animais se destaca pela produção de silos sustentáveis a partir de garrafas PET. “Os britânicos são muito focados na sustentabilidade e nas reduções de impacto ambiental”, comenta Machado.
Em 2015, o consulado britânico recebeu mais de 5 mil pedidos de apoio de empresas do Reino Unido interessadas em entrar no Brasil. A instituição também facilita as exportações para o destino europeu. “As relações comerciais do Brasil com o Reino Unido são centenárias e queremos manter essa forte parceria”, diz Joanna. Em 2015, os britânicos exportaram 2,1 bilhões de libras para o País e as importações de produtos brasileiros chegaram a 2,4 bilhões de libras.
Na opinião do especialista em missões críticas da Tecnopuc Viamão, Diógenes Casagrande, este é o momento para empresas brasileiras buscarem parcerias com os britânicos, principalmente nas soluções de produtos “com mão dupla”. “Na área de pesquisa, com a profusão de startups e parques tecnológicos no Estado, estas ideias são muito bem-vindas, fundamentalmente nas áreas de energia e agropecuária”, completa.

Fonte: Jornal do Comércio