Gaúchos buscam seu modelo de cluster de tecnologia para saúde

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23/08/2017  às  14h31min

[22/08/2017] O Rio Grande do Sul busca acelerar a estruturação do seu Cluster de Tecnologias para Saúde, projeto que nasceu há dois anos e reúne universidades, hospitais, empresas - tradicionais e startups, parques tecnológicos e incubadoras. Mesmo com acordo para receber consultoria do Medical Valley, da Alemanha, com apoio na formatação da cadeia produtiva e que tem recursos de organismos de ciência e tecnologia do governo federal, a coordenação do movimento e áreas acadêmicas que já experimentam os primeiros resultados do desafio acreditam que o Estado tem de achar o seu modelo, ou seja, a cara de seu cluster.
No programa de webvídeo Da Redação, do Jornal do Comércio, a gestora executiva da iniciativa, Sandra Schafer, ressalta que uma mudança para conseguir efetivar o cluster é a abertura de empresas a receber pesquisadores, rotina no sistema de desenvolvimento de inovação na Alemanha. "Temos de quebrar paradigmas e isso leva tempo", previne a gestora. "O Medical Valley é benchmark e parceiro, mas temos de construir o nosso modelo com parceiros locais", alerta o coordenador do SoftwareLab e professor da Unisinos, Cristiano Costa.
Outro desafio é conseguir com que empresas gaúchas com tecnologia possam também fornecer soluções a hospitais e outros tipos de estabelecimentos locais. "Muitas fornecem a grandes hospitais em São Paulo, mas não aqui", observa Sandra.

O começo do cluster

Sandra explica que o movimento começa com um levantamento dos potenciais e atividades na área em território gaúcho. "Depois passamos a organizar as áreas para desenvolver uma nova economia no Rio Grande do Sul", explica a gestora. "Para isso, reunimos todos os atores da cadeia estão reunidos. Temos todos os atores aqui, por isso é um cluster."
Costa ressalta que o conceito de cluster consegue aproximar a Medicina e a tecnologia. "Ele nasce das duas expertises que temos no Estado. A Medicina é muito reativa, e a tecnologia ajuda a tornar a área mais proativa para antecipar problemas", explica o professor, citando uso de smartphones, relógios inteligentes etc.
Na escalada para conseguir fazer a rede, Sandra destaca que é uma caminhada. Em 2015, reuniões que chegaram a reunir mais de 200 pessoas para traçar plano e que está em execução. "Estamos conseguindo cumprir o plano. O cluster abrange todo o território. o que exigiu mapeamento das competências das regiões", ilustra Sandra. Estes elementos são decisivos para atrair empresas, que têm suas demandas", cita.
Hoje não há uma sede, mas há até disputa para ser o centro, além de muitos candidatos a fazer parte. No futuro, poderá ser necessário criar uma entidade, como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), para fazer a gestão da estrutura. Ela explica ainda que foi montada uma espécie de pirâmide para indicar o que cada municípios aporta, e ainda mostrar o que localidades que ambicionam fazer parte do cluster precisam apresentar ou desenvolver para compor a cadeia produtiva. No topo, estão cidades com universidades, empresas, parques e um setor de saúde mais desenvolvido.
Na Unisinos, começou o primeiro projeto com uma empresa, neste caso com a Siemens Healthineers, e a Friedrich-Alexander-Universität (FAU), situada em Erlangen-Nürnberg, na região alemã da Bavária. O projeto busca inovações no manejo do pacientes em salas cirúrgicas híbridas, que são dotadas de equipamentos avançados de imagem que permite procedimentos menos invasivos. "Estamos interessados no fluxo de ações que estão nesse ambiente para reduzir riscos aos pacientes", resume Costa. O projeto tem recursos da Siemens e há intercâmbio de pesquisadores do Brasil e Alemanha.
Para implantar o cluster, o Estado firmou acordo com o Medical Valley, oficializado em 2016 durante a missão do governo gaúcho à Alemanha, que prevê repasses da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação, para custeio de bolsas, viagens técnicas, intercâmbio e repasses do modelo alemão. Tobias Zobel, diretor do Instituto de Engenharia Biomédica da Universidade de Erlangen-Nuremberg, disse, em entrevista ao Jornal do Comércio, que percorreu o País, em 2013, em busca de uma região que atendesse a condições para montar um cluster.
"Em Porto Alegre, vi o interesse claro dos setores em se organizarem para instalar um cluster similar e independente. Fiquei impressionado com a dinâmica entre universidades, hospitais e empresas gaúchas! Por isso, o Estado foi a nossa escolha", descreveu Zobel, em fim de 2016, ao JC.

Fonte: Jornal do Comércio