Parques tecnológicos impulsionam inovação no Rio Grande do Sul

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28/02/2018  às  15h18min

 O Rio Grande do Sul figura entre os principais ecossistemas de inovação do Brasil. Em diferentes escalas, estados como São Paulo, Santa Catarina, Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais também se destacam no incentivo ao desenvolvimento de startups e à interação entre elas e empresas já estabelecidas. No mercado gaúcho, essa movimentação vem gerando novos negócios e soluções em áreas essencialmente tecnológicas, e também promete apontar rumos para setores como saúde, ambiente, educação, mobilidade e varejo. Um fator decisivo para esse contexto é a existência, no Estado, de 13 parques tecnológicos integrando empreendimentos de diferentes portes e instituições de ensino e pesquisa. Dois deles - o Tecnopuc, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Pucrs), e o Tecnosinos, da Unisinos - aparecem entre os mais importantes do País, reunindo, ao todo, um universo de mais de 200 empresas e gerando mais de 10 mil empregos. Em ambas, estão presentes grandes companhias e startups em fase de consolidação - e a busca por inovação é o grande motor das relações que se estabelecem entre elas e as faculdades. 

"Toda empresa que se instala aqui, por definição, tem de ter alguma interação com a universidade, como projetos de pesquisa ou de transferência de tecnologia. Temos alunos envolvidos em projetos, são cerca de 500 bolsas", descreve o diretor do Tecnopuc, Rafael Prikladnicki. Ao lado de marcas fortes, como Dell, HP, Sicredi e Getnet, também estão startups surgidas em anos recentes, algumas já destacadas no mercado - como a Egalitê, especializada em vagas de emprego para Pessoas com Deficiência (PCDs). "Inovação é ter resultado real para a sociedade. Não adianta ter uma startup inovadora que ninguém compra, ou ninguém conhece", afirma o diretor.  

Os parques representam um processo tido como essencial para a cultura de inovação: a chamada Tríplice Hélice, referente à cooperação entre iniciativa privada, poder público e universidades. A governança do Tecnosinos, por exemplo, tem participação da prefeitura de São Leopoldo e de entidades empresariais, além da própria Unisinos. O impacto vem se fazendo sentir: dados nacionais divulgados em janeiro pelo Ministério do Trabalho apontaram que São Leopoldo está entre as 50 cidades brasileiras que mais criaram vagas de emprego em 2017. "O Tecnosinos seria responsável por grande parte dessas vagas. SAP, SKA e Grupo Meta (instaladas no parque) são algumas das principais empresas nesse contexto", diz o gerente da Unidade de Tecnologia e Inovação (Unitec), Carlos Eduardo Aranha. Dentro da Unitec - incubadora onde funcionam 46 startups - também está uma aceleradora, a Ventiur. Enquanto as incubadoras normalmente não têm fins lucrativos e se concentram no estímulo à interação entre startups e empresas, as aceleradoras têm foco mais definido nos investimentos. "Há modelos híbridos. Não vemos a Ventiur como uma concorrente. Já houve startups aceleradas que vieram para a incubadora", relata Aranha. Outro importante canal de aproximação entre empresas e startups no Brasil é a plataforma digital criada pelo movimento 100 Open Startups, voltada à troca de informações entre organizações consolidadas e emergentes. Por meio de um cadastro digital, é possível que ambos os lados estabeleçam contatos e avaliações - o que facilita investimentos e parcerias e permite a organização de um ranking de startups mais atraentes em todo o País. A diversificação dos projetos cadastrados - boa parte deles relacionados a tecnologias disruptivas - é um dos principais aspectos do movimento. "É interessante observar que existem startups explorando os mais diversos tipos de tecnologias, mesmo incipientes, e isso ajuda o desenvolvimento de todo o ecossistema", ressalta o CEO e fundador do 100 Open Startups, Bruno Rondani. 

Novidades influem na cultura corporativa  

Além do desenvolvimento de novidades digitais, os especialistas reconhecem outro importante potencial das startups no mundo empresarial: contribuir para mudanças culturais dentro das organizações. "Normalmente, as startups se gerenciam de forma diferente, com metodologias ágeis, simplificadas, e as corporações não", descreve o consultor Valter Pieracciani, especializado em gestão de inovação. A 4all, uma das maiores empresas gaúchas da área de soluções digitais, aposta na lógica de agilidade - e percebe um forte impulso vindo dos profissionais das novas gerações. "Hoje, quem é empreendedor são os próprios colaboradores. A gente aqui forma times, e os times formam os negócios, começam a geri-los e trazem proposições. A 4all é hoje um grande sistema de startups, dividido em vários segmentos", descreve Ricardo Galho, cofundador. "Essa gurizada não tem mais o 'jeitinho', eles já têm outro senso de urgência e de responsabilidade. Eles vão acabar com o 'jeitinho brasileiro'", acrescenta.