Seminário debate uso sustentável do carvão
Publicação:
20/04/2017 às 15h08min[19/04/2017] A importância do uso sustentável do carvão e sua vocação carboquímica para soluções regionais em substituição de importações do Rio Grande do Sul foi tema do Seminário As Novas Perspectivas para o uso sustentável do carvão. O evento foi realizado na terça-feira, 18, na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), em Porto Alegre. Reuniu empresários que estão interessados em investir nos negócios possíveis relativos ao carvão, sobretudo, ligados a um polo carboquímico.
De acordo com o secretário de Minas e Energia, Artur Lemos Júnior, a ausência de políticas para o setor deixou uma lacuna. “Precisamos da união de esforços para avançar. Estamos trabalhando, desde 2015, planejando o setor do carvão. Queremos mostrar nosso Estado para o mundo. Levar ao conhecimento da sociedade que o projeto é viável para o meio ambiente”.
Não por acaso, a SME trabalha para apresentar políticas que ajudem a competitividade do segmento de energia. O Rio Grande do Sul possui 89% das reservas nacionais. São mais de 28 bilhões de toneladas do mineral. Para Lemos, “Estamos diante de uma verdadeira ‘mina de ouro’, que ainda carece de meios para se desenvolver”.
Com a parceria do Sindicato Nacional da Indústria de Extração de Carvão (Sniec), o presidente da Fiergs, Heitor José Müller, manifestou o apoio da entidade a um projeto integrado que trate a matéria-prima existente no Estado com o devido potencial que merece: “Podendo a extração de carvão mineral ser altamente tecnológica e limpa, é evidente que temos em nossa frente uma possibilidade de abrir o horizonte para essa nova economia”, afirmou.
Müller reforçou que o desafio atual é, justamente, encontrar os meios de unir políticas públicas com a iniciativa privada. “Se a visão é transformar o carvão mineral em um importante fator econômico do Estado – e o potencial chega à casa de bilhões de dólares em investimentos –, então contamos com a sensibilidade de nossos políticos para ajudarem a viabilizar os projetos já em andamento e os muitos outros que poderão surgir”.
O deputado estadual Lucas Redecker, que compõe a Frente Parlamentar de Apoio à Mineração, declarou que tem realizado intensa articulação para que a Assembleia Legislativa aprove projetos que ajudem a “deslanchar” a economia do carvão. “As eventuais privatizações da CRM (Companhia Riograndense de Mineração) e da Sulgás serão um passo largo para a atração de investimentos específicos. Espero que muito em breve tenhamos essas boas notícias”, disse.
O deputado Alceu Moreira, que é presidente da Frente Parlamentar em Defesa do Carvão Mineral, defendeu o projeto. “Esta é uma oportunidade ímpar para transformar o RS em um estado competitivo. Precisamos de iniciativas deste tipo para gerar emprego e renda para a população gaúcha. Contem comigo para ser um defensor dessa causa”.
Projeto Carboquímico Integrado
A intenção de instalação de uma usina de gaseificação de carvão na Região do Baixo Jacuí, com uma projeção de investimento de US$ 1,5 bilhão, conforme previsão de consultores internacionais, surge como a alternativa mais viável. Foram realizados estudos que atestam a viabilidade da construção do complexo industrial a partir de uma política carboquímica, ou seja, a base do uso de carvão verde, extraído com o mínimo de danos ao meio ambiente. O novo complexo poderá ser uma solução caseira para a internalização de arrecadação do ICMS e também para o fornecimento deste insumo que é muito importante para as indústrias gaúchas.
Neste sentido, o Governo do Estado, através das Secretarias de Minas e Energia e de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e o Sindicato Nacional da Indústria de Extração de Carvão (Sniec) firmaram um termo de cooperação visando aprimorar o planejamento da construção do Complexo de Carvão (Energia e Carboquímica). O objetivo do termo de cooperação técnica é propiciar o desenvolvimento de estudos e planejamento, visando à construção de um Complexo Industrial, voltado ao uso do Carvão Mineral do Estado nos segmentos de energia e carboquímica. O ponto de partida para o estudo é o Termo de Apoio Institucional, firmado entre Fiergs e o Sindicato, em 31 de agosto de 2016.
A Copelmi, em parceria com a sul-coreana Posco, está em fase adiantada (desde 2014) de um projeto de gaseificação do carvão mineral gaúcho, para a produção de Gás Natural Sintético (GNS). O projeto prevê o consumo anual de 3,5 milhões t/a de carvão mineral, fornecido pela Mina do Guaíba, para a geração de 2,14 milhões m3/d de GNS. O produto intermediário desse processo, o Syngas, é um importante insumo para a indústria química, principal fonte dos chamados produtos da Química do C1, em especial, amônia e seus derivados e o metanol. Pode também ser produzido gasolina, nafta e outros. Lemos explica que a possível integração desses dois projetos, daria corpo ao Projeto Carboquímico Integrado do RS, agregando a produção de GNS para substituir o gás natural em seu uso energético e a produção das commodities petroquímicas.
O diretor de desenvolvimento de novos negócios da Copelmi, Roberto Faria, que foi um dos palestrantes do seminário, entende que muitas empresas se interessam pelos negócios no segmento de carvão que ultrapassem o âmbito da geração de energia elétrica nas usinas térmicas. “Um complexo carboquímico pode gerar uma movimentação econômica acima da casa de US$ 5 bilhões”, estimou. A ideia de um polo carboquímico gaúcho abre oportunidades para as cadeias produtivas de construção civil, metalmecânica, máquinas e equipamentos, química e outras.
O resultado desse processo é a geração de empregos diretos e indiretos de maior qualificação e renda, impostos gerados por um maior número de projetos industriais, atração de players nacionais e internacionais com interesse em trazer investimentos e operar no mercado brasileiro, atração de empresas no entorno de modo a suportar esses novos investimentos, aumento no valor agregado do Produto Industrial, dentre outros.
Fonte: Secretaria de Minas e Energia